Inaugurado em 1922 no Largo do Paissandu, bar tradicional é o dono da receita original do Bauru, sanduíche que se tornou patrimônio cultural imaterial do Estado de São Paulo.
Um dos bares mais longevos da cidade de São Paulo, o Ponto Chic está chegando ao seu aniversário de 103 anos no próximo dia 24 de março, fortalecendo ainda mais a relação marcante com a capital paulista.
O Ponto Chic e a cidade de São Paulo
A história é próxima desde sua inauguração em 1922, no Largo do Paissandu, coincidindo com a Semana de Arte Moderna, quando o local passou a ser frequentado por intelectuais, artistas, modernistas e grandes celebridades como Mário de Andrade, Anita Malfatti, Monteiro Lobato e tantos outros.
Os alunos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco também se tornaram assíduos frequentadores.
O tradicional Bauru
Casimiro Pinto Neto foi um dos mais ilustres alunos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e era cliente fiel do Ponto Chic.
Por ter nascido em Bauru (SP), Casimiro carregou o nome do município como apelido e, em 1937, foi o protagonista na criação do sanduíche que seria o mais pedido da casa dali em diante.
“Era um dia que eu estava com muita fome. Cheguei para o sanduicheiro Carlos – hoje já falecido – e falei: – Abre um pão francês, tira o miolo e bota um pouco de queijo derretido dentro. Depois disso, o Carlos já ia fechando o pão e eu falei: – Calma, falta um pouco de albumina e proteína nisso (Eu tinha lido em um opúsculo livreto de alimentação para crianças, da Secretaria da Educação e Saúde, escrito pelo ex-prefeito Wladimir de Toledo Piza, também frequentador do PONTO CHIC – que a carne era rica nesses dois elementos). Bota umas fatias de roast beef junto com o queijo e ele já ia fechando de novo quando eu tornei a falar: – Falta a vitamina, bota aí umas fatias de tomate. Quando eu estava comendo o segundo sanduíche, chegou o “Quico” – Antonio Boccini Jr. -, que era muito guloso e pegou um pedaço do meu sanduíche e gostou. Aí ele gritou para o garçom, que era um russo chamado ALEX: – Me vê um desses do “BAURU”. “Os amigos foram experimentando e o nome foi ficando. Todos quando iam pedir falavam: Me vê um do “BAURU” e assim ficou o nome de BAURU para o sanduíche”.
A criação de Casimiro fez muito sucesso, projetou a imagem da capital paulista em outros países e virou patrimônio cultural imaterial do Estado de São Paulo em 2018 (lei n° 16.914/2018).
A receita do Bauru leva fatias de rosbife, tomate, pepino em conserva, e quatro tipos de queijos fundidos em banho-maria (queijo prato, estepe, gouda e suíço), preparados de um jeito único no pão francês fresquinho e crocante.
Os chapeiros são treinados para manter o sabor e a originalidade, assim, geração após geração, quem visitar as lojas terá sempre a mesma experiência deliciosa ao provar o verdadeiro Bauru.
Algumas lanchonetes adicionaram aos seus cardápios elementos inspirados na receita do Bauru, difundindo ainda mais a fama do sanduíche ao redor do Brasil, mas o original é encontrado somente no Ponto Chic.
O sanduíche figura entre os 50 melhores do mundo, ocupando a 38a posição em ranking do guia gastronômico internacional TasteAtlas.
Em 2023, foram vendidas cerca de 146 mil unidades.
Confira o link para descobrir como essa delícia é preparada: https://youtu.be/Z4Hjezw7TKg.
História da música “Parabéns a você”
A canção “Parabéns a você” tem suas raízes na cultura americana, mas foram os estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco que introduziram alguns trechos que são entoados até hoje.
São eles: “é hora, é hora”, “é pique, é pique” e o “ratimbum”.
Como antigamente não existiam refrigeradores, apenas geladeiras, era preciso adicionar nesses recipientes enormes barras de gelo para que as bebidas permanecessem geladas.
Por isso, quando os estudantes seguiam para o Ponto Chic, exigindo cerveja gelada, queriam que a bebida fosse servida rapidamente.
Como a dimensão das geladeiras era menor que a sede dos acadêmicos, toda vez que a cerveja terminava era preciso aguardar meia hora até que um novo estoque ficasse devidamente gelado.
Então, os estudantes marcavam o tempo no relógio e quando o grande momento se aproximava, exclamavam em coro: “Meia hora, Meia hora, é hora, é hora, é hora”! Desta brincadeira resulta a cantoria que até hoje se faz nas festas de aniversário.
Quanto ao Ratimbum, também cantado nas comemorações, surge por conta da presença de um rajá indiano, que visitara a faculdade e seu nome tinha um som parecido a Timbum.
Da brincadeira “Meia hora, meia hora”, juntou-se “Rajá Timbum”.
Sobre a primeira parte da canção aos aniversariantes, o famoso “É pique”, a brincadeira também está ligada a uma figura bem- posta na sociedade do passado: Ubirajara Martins, que levava consigo uma tesourinha com a qual ficava aparando a barba.
Ele costumava aparar sua barba nas mesas do Ponto Chic, do qual era frequentador. Os estudantes, por sua vez, ouviam o pique-pique da tesoura de Ubirajara e por gozação incluíram na canção o pique-pique. Com isso, a letra ficou: “É pique, é pique! Meia hora, meia hora! É hora, é hora, é hora! Rajá Timbum!”.
Livro
Estas e outras histórias curiosas que aconteceram dentro do estabelecimento estão no livro “Ponto Chic: um bar na história de São Paulo”, do autor Angelo Iacocca, disponível nas versões física e digital.
Salva de Prata – No dia 10 de abril de 2023, o Ponto Chic recebeu a Salva de Prata da Câmara Municipal de São Paulo.
A honraria é concedida a pessoas e instituições que vão além de suas funções primárias, no intuito de contribuir significativamente com o avanço da cidade.
O empresário Rodrigo Alves, quarta geração à frente do Ponto Chic, exaltou a importância de receber esta homenagem:
“A missão da minha família e dos nossos colaboradores é preservar a tradição e a receita original do Bauru. Não é algo simples, mas uma tarefa árdua, constante, para manter o padrão e a qualidade. Então ter esse reconhecimento público pelo trabalho de várias gerações nos deixa muito felizes”.
Atração turística
Localizado próximo à Galeria do Rock e ao Theatro Municipal, o Ponto Chic entra no roteiro turístico do centro histórico de São Paulo, sendo uma ótima opção de passeio na cidade.
Proprietário do Ponto Chic – Rodrigo Alves
LOJAS DO PONTO CHIC
PAISSANDU
Largo do Paissandu, 27. Tel.: (11) 3222-6528
PERDIZES
Largo Padre Péricles, 139. Tel.: (11) 3826-0500
PARAÍSO
Praça Oswaldo Cruz, 26. Tel.: (11) 3289-1480
Site: http://www.pontochic.com.br



